#272

Foi condenado por genocídio. Pelos seus leitores, que enjoaram de tantos protagonistas mortos nos seus contos e passaram a boicotá-lo.

#271

Sempre foi muito apaixonado por vacas e bois.  Comprou uma propriedade rural e hoje, feliz da vida, pode dizer que está perto de cinco mil reses, todas pertencentes a um fazendeiro vizinho, de quem é inimigo íntimo.

#270

- É um... É um, dois três, quat--

Acabou a luz.

#269

NO FÍGADO

O impacto no lado direito do corpo não pareceu tão forte. Mas, bastou o ar lhe entrar pelas narinas para chegar a dor.

Aguda, constante, profunda.

Estava nocauteado.

#268

Plantou um filho, fez um livro e escreveu numa árvore. Realizou-se como golpista do baú e editor, mas foi denunciado por crime ambiental.

#267

Queria ser cantor, mas só ficava no canto. No canto de uma sala, triste e sem voz, por causa de uma crônica rouquidão.

#266

- Vai lavar a louça pra mim, né...?

- Só se me der um sólido argumento de que se eu fizer isso terei algum benefício futuro. Caso contrário, não.

#265

BLEFES ROMÂNTICOS

- Nunca mais quero te ver - disse ela, sabendo que era mentira.

- Por favor, não faça isso! Vai acabar com minha vida - implorou ele, ciente de que não corria risco algum.

Tudo fazia parte do jogo.

#264

— Seus contos são horríveis. — Escreva outro melhor! E o crítico ficou rico e famoso como escritor enquanto o blogueiro tímido ficou na miséria.

#263

RESSABIADO

O sabiá-modelo voou, voou e posou nu. Ao se vestir, faltou-lhe a principal pena. Foi ao fotógrafo:

-Tem a minha pena?

-Eu tenho lá pena de ninguém?!

#262

- Briga! Briga! Briga! Briga!

Formavam um coro.

Ninguém brigou. Apenas dançaram em círculos.

#261

BANALIZAÇÃO

- Papai, o que é banalização?

- Filho, se todos os meus irmãos usassem tornozeleira eletrônica, poderíamos almoçar domingo na casa de sua avó. E seus tios nem olhariam para o meu tornozelo.

#260

Mãe e filha se reencontraram após 25 anos jurando nunca mais se separarem. Poucos anos depois, a filha matou a mãe para ficar com o namorado marginal.

#259

Estava sempre envolvido com pontos. Ora os ganhava na carteira, ora os ganhava nas suturas, mas sempre em decorrência do seu péssimo modo de conduzir o veículo.

#258

- Nossa, você vai com essa roupa?

- Vou, por quê?

- Nada não... Não precisa se estressar por qualquer coisa, não...

#257

VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Muitas coisas estavam acontecendo, mas ele se limitava a dar milho aos pombos.

Até que um fiscal apareceu e o mandou parar. Disse que a superpopulação de pombos estava causando doenças.

Inspirado na canção do Zé Geraldo.

#256

Irritado por sempre ver a moça do caixa conferindo a cédula para ver se é falsificada, ironizou. — Está fresquinha. Acabei de imprimir. Foi preso. A nota era falsa mesmo.

#255

Era difícil para aquele aviador acompanhar o curso. Quando estava presente, estava voando nas aulas, quando estava voando, estava ausente.

#254

- Amanhã o mundo vai acabar.

- Putz... Sério? É melhor eu ir pagar a vendinha da esquina hoje, então.

#253

INÉRCIA

- Chega desse marasmo. Vou desligar esse computador e começar a fazer as coisas que precisam ser feitas. Organizar a agenda, voltar pra academia, cumprir meu horário de estudo... Amanhã eu começo tudo. Amanhã.

#252

Bateu em retirada. O manobrista colidiu o carro do cliente no poste na porta do restaurante, quando estava retirando o carro do estacionamento.

#251

Foi comprar um carro novo e encontrou um velho. Sim, um velho e verdadeiro amigo de longas datas.

#250

13 minutos e o time já tinha feito dois gols. Com certeza ganhariam o jogo.

#249

O JUIZ E O POETA 1

- Você é que é feliz. Não precisa julgar ninguém.

- Julgo a mim mesmo e frequentemente me condeno. Isso já me basta.

#248

Quando criança tomava Biotônico para ficar forte. Quando adolescente tomava anabolizante para ficar musculoso. Foi quando o seu caráter enfraqueceu.

#247

Eram dois irmãos de fados diametralmente opostos. Um gabava-se das nove graças recebidas. O outro foi mais longe. Não tinha as nove, mas tinha as desgraças completas a comover os outros.

#246

Tentava escrever, mas nada bom o suficiente vinha em sua mente.

#245

O JANTAR

- Sua esposa vai gostar desse camarão com macarrão.

- Na verdade, é de lagosta que ela gosta.

#244

Deixou a raposa tomando conta do galinheiro. Ela tomou direitinho, pois era domesticada e não comia qualquer galinha que via pela frente.

#243

VISÃO INSTANTÂNEA

 

Perguntou ao oftalmologista quando voltaria a enxergar.

— Agora mesmo — respondeu o médico. — É só abrir os olhos.