#927

Deu um nó no trânsito ao parar no meio da rua para dar um nó de marinheiro na sua rede de pesca.

#926

- Eu serei o maior rock star do mundo porque eu só preciso de você como fã.

- Ai meu Deus... – disse, zombando dele.

#925

A Lua e o Sonho

A lua era cheia e ele sonhava, há anos, comer seu prato predileto: carne cozida ao molho de vinho tinto. O caldeirão no fogo já  exalava o cheiro do prato pronto.

Sorrateiramente, espetou um pedaço qualquer, mastigou com a pressa de quem quer ser feliz e engoliu o choro.

Eram asas de morcegos. 

A poção seria servida às bruxas daquela noite.

#924

NEUROSE

Aquela neurótica bordadeira, especializada em linguagem indireta, tornara-se extremamente insuportável. Entre linhas, agulhas e novelos eram o modo de expressar-se com todos que a cercavam.

#923

CONTRIÇÃO

Mesmo depois de haver pedido desculpas, dez culpas ainda lhe pesavam na consciência.

#922

Forçou a barra. Arrebentou no lado mais fraco.

#921

- Por quê?

- O quê?

- Tudo.

- He, He.

- Tudo isso aqui. Por quê?

#920

Hã?

- Papai, que frutas são estas?

-Ameixas pretas, meu filho.

-E por que estão brancas?

- Porque ainda estão verdes!

#919

BAGAGEM

Com mais idade passou a se importar mais com amenidades.

#918

PROMESSA NUPCIAL

— Recebo-te integralmente por minha esposa, prometo ser-te fiel em parte e a fazer muitas outras artes.

#917

REENCONTRO

— Da última vez que estive aqui — disse o Andarilho — você era tão pequena... mal chegava à altura do meu umbigo. Hoje me acolhe e protege...

A árvore nada respondeu, mas parecia feliz, com ele descansado à sua sombra.

#916

— Se abre comigo, minha Rosa. E a flor ouviu o pedido do seu jardineiro.

#915

- E então chegam as férias e eu não sei o que fazer.

#914

Ultrarromântico

Deprimido com a insensibilidade da mulher amada, furou a artéria ulnar com o espinho da roseira e, com o seu sangue, escreveu:

-"Estou partindo. Jamais serei amado. Tenho um coração demasiadamente lírico para esse seu analfabetismo poético".

#913

A saudade é uma visita incômoda, que na madrugada, assalta a geladeira e devora as migalhas de felicidade do coração.

#912

CASAMENTO LÁBIL

Uma amiga à outra:

— Ontem, fui ao casamento de uma amiga de infância.

— Que bom, conta-me mais!

— Não demorou muito. Começou às 20h00 e terminou às 22h00.

— Que pena! Quem primeiro requereu o divórcio?

#911

HOMOFONIA BEM SUCEDIDA

— Qual o segredo para ser uma pessoa tão exitosa?

— Não ser uma pessoa hesitosa.

#910

Tomou uma chuveirada. O chuveiro caiu na cabeça dele.

#909

- Você já parou pra pensar que um dia tudo vai… Acabar?

- Ai, como você é fúnebre!”

#908

Ausência

A falta dele espremia tanto aquele coração, que a saudade escorria nos olhos.

#907

Todos os dias, tropeçava involuntariamente num resto de toco incrustado na calçada do vizinho.

 Irritado, arrancou-o a golpes de machado.

 Irônico, o vizinho indagou: Mas que mal o toco lhe fizeste?

 Ao que respondeu: O toco, nada! Mas tu plantado na janela a esperar meu deslize irrita-me profundamente.

#906

TEMPLO PERDIDO

Era domingo. Levantou-se bem-disposto e saiu cedinho para ir à igreja. Lamentavelmente, deixou no hotel o GPS e um mapa da cidade. Entre infindáveis vaivéns no emaranhado de ruas e avenidas, acabou perdendo o templo.

Voltou triste ao hotel. 

#905

PARCIMÔNIA

Consideradas as 3 pessoas mais avarentas da empresa, conversavam:

— Dizem que sou “pão duro”, porque, quando almoço no shopping, estaciono a um quilômetro e vou o resto a pé.

— Quem almoça no shopping não é “pão duro”. Muito caro!

— Vocês almoçam todo dia?

#904

Fez uma varredura no sistema dos computadores em rede. Jogou os vírus para debaixo do tapete.

#903

“Me dê spoilers, eu não me importo.”

#902

Silêncio Gritante

Estava tão preocupada com o próprio silêncio, que agendou horário para uma conversa íntima.

Descobriu que o seu interior é mudo.

#901

O apressado não se importava em comer cru, mas a falta de habilidade do sushiman o obrigou a esperar muito tempo pela refeição.

#900

DIÁLOGO ENTRE PESCADORES

- Aquilo é uma baleia?

- Baleia nada, aquilo é um monstro marinho!

#899

DEVERIA

— Sim, no passado houve alguém que tentou me controlar. Dizer o que eu não deveria fazer e o que eu deveria. Mas eu, só de ver, ria.

#898

— Eu sei que eu sou bonita e gostosa, mas não sabia que estava tão velha.

#897

Anotava tudo em um caderno verde. Tudo mesmo. Até perder o caderno.